quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Um presente da Alciania

Tudo fica melhor quando leio esse texto que a minha irmã, a Alciania, fez pra mim:
"Dentre todos nós você foi o primeiro que sentiu o cheiro da cidade e se encantou.
Num tempo em que brincávamos com os sonhos você reinventou o mundo e nos deu tanta esperança que parecia que ela nunca teria fim.
Quando erámos crianças construímos momentos únicos, tão nossos, capazes de nos fazer resistir às dificuldades e durezas que a vida fazia questão de nos obrigar a ver.
O tempo passou sobre a gente com tanta rapidez e, com seu grande poder de mudança, tirou da maioria de nós, esse gosto inocente de brincar com a vida, essa alegria sem motivo, esse olhar que busca o infinito querendo desvendar cada reetrância, cada aba ou curva. Mas você não permitiu isso e segue até hoje com a mesma resolução da infância - sem desbotar um sonho sequer - com uma pureza tão real, tão única que só a um poeta poderia ser atribuída.
Com o dedo em riste e as palavras desafiando o mundo você desbrava caminhos; e com a mesma desenvoltura, com a mesma certeza corajosa da infância, reinventa um mundo a cada dia que nasce, ensinando que a vida é esse mundão de poesia, capaz de encantar a cada nova manhã.
Senti mais saudade de ti hoje, meu poeta, meu irmão."
(Alciania Almeida)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Notas sobre amar demais

E o sentimento que mora em mim está se rebelando.
O amor que eu tenho já não me ajuda mais.
É necessário romper comigo mesmo. Reaprender.
E o sofrimento? Bem, não posso fazer mais nada.
Já fiz tudo. Sei que fiz.
Já disse tudo (disse até demais).
Não tive medida. Não usei amarras.
Tudo foi muito sincero e sem escamotear um sentimento sequer. Não deixei desbotar nenhuma cor do meu amor.
Vou sofrer, tenho certeza. Mas vou me recuperar.
A ausência ainda me incomoda. Mas não tenho mais escolha.
É necessário que eu siga em frente. Levando comigo tudo o que vivi (como aconselhou o poeta), sem deixar nada pelo caminho...