A doença de Benjamin

Benjamin ligou para avisar que está doente.

Disse que está com moleza no corpo, olhos ardendos e com sonolência.

Perguntou-me se era sintomas de uma paixão não correspondida. Respondi que deve ser gripe.

Ele acha que até pode ser gripe, mas, agravada pelo seu estado emocional. Disse que ele deveria começar a escrever uma novela mexicana, pois já está pronto (Haja paciência! Mas que cabra dramático!).

Ficou um silêncio do outro lado da linha e perguntei o que tinha acontecido. Ele disse que tem horas que bate um certo desespero. Um sentimento de impotência toma conta do seu corpo, da sua mente e ele ficava paralisado. Eu disse que ele poderia está desenvolvendo um princípio de AVC. Ele ficou magoado com a minha brincadeira, com minha falta de sensibilidade (palavras dele). Pedi desculpa. E ele, infelizmente, continuou a falar.

Benjamin disse que se foto desbotasse com o olhar, a foto da Carolina já não existiria mais. Eu respirei fundo para aguentar o comentário seguinte.

Falou, também, que às vezes, de noite, ele chora. Nessa hora eu fiquei mudo (nunca soube lidar bem com o choro das pessoas que gosto).

Meu amigo Benjamin é um bom garoto. Sinceramente. Mas, os bons garotos também sofrem. Os bons garotos também se apaixonam e são rejeitados. Os bons garotos também são ignorados ou/e apanham no colégio, os bons garotos também são ridicularizados, meu amigo. O sofrimento não é fardo só para alguns. É o preço por estar vivo. Para se sentir vivo, aí meu irmão, o preço é dobrado: é o preço da paixão. Está apaixonado é um momento tão egoísta e tão lindo Benjamin! Só pensamos em nós, em como poderemos ser felizes, mas, ao mesmo tempo, amamos todo mundo. Sentimos um amor tão puro, tão singelo e terno que poderíamos propor o fim de tudo que estivesse acontecendo no universo que não tivesse como fim principal a felicidade dos nossos semelhantes.